Olhe a sua volta antes de reclamar da
vida.
A um
mês me mudei de Bissau para uma cidade chamada Buba, onde Buba é a capital da
região de Quinara. Hoje Buba é a região mais pobre de Guiné Bissau, não tem
energia elétrica, água encanada ou saneamento básico, não tem mercado e nem
farmácias.
Assim
que chegamos foi muito corrido e difícil e ainda é, pois a casa onde moramos
não tem água, tem um poço artesiano mas esta seco, então o dono da casa teve
que furar outro, mas continuamos sem água porque o dono tem que comprar um
bomba, caixa d’água, todos os aparatos para que tenhamos água dentro da casa e
isso demanda de um pouco de tempo e dinheiro. Você deve estar se perguntando,
onde pegamos água? E energia elétrica?
A
água que usamos para tomar banho, limpar a casa e lavar louça, pegamos no
escritório da Uniogbis onde meu esposo trabalha, pegamos em “Bidões” que no Brasil conhecemos como Galões; Então
pegamos água nesses bidões e levamos para casa e enchemos alguns toneis que
temos e água para beber compramos garrafas de água mineral e cozinhar.
A
energia temos um gerador onde nos fornece energia das nove da noite até três
horas da manhã, mas esta semana compramos um painel solar, onde temos energia
elétrica o dia todo e fazendo assim que baixemos as horas que o gerador fica
ligado, até porque consome muito gasóleo e quanto mais horas fica ligado mais
temos que gastar com manutenção do mesmo.
Se
você esta ai pensando que para nós esta difícil. Meu caro amigo (a) pense nos
outros guineenses que moram aqui em Buba, que na sua maioria andam alguns
quilômetros para pegar água em águas poços coletivos, não tem luz elétrica, e
muitos não tem gerador pois é muito caro.
São essas
coisas que fazem refletir e diariamente agradecer a Deus pelo muito que eu
tenho. Muitos me questionam como eu estou me adaptando em Buba e se eu estou
bem? E minha resposta é: sim estou bem e estou me adaptando da melhor forma
(risos). Muitos estrangeiros que vem para trabalhar aqui não coseguem se
adaptar e muitos sofrem porque esta longe da família, amigos, longe do seu
país. Mas eu tento da minha melhor forma fazer daqui meu segundo país, minha
casa, sinto falta dos meus amigos e da minha familia no Brasil é obvio que sim,
sinto falta das pequenas coisas que quando temos não damos valor, sinto falta
até mesmo do transito de Brasília (risos). Hoje tenho amigos aqui em guiné que
são irmãos, pessoas que sempre nos ajudam e que aqui estão a serviço para
ajudar o próximo e contribuir cada dia mais na melhora da Guiné Bissau.